segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O beijo e o céu


Eu sempre a desejei. Educação à parte, eu a devorava com os olhos toda vez que a via. Talvez ela não possuísse os padrões de beleza que fizessem todos enxergarem a perfeição que eu via, sentia, e queria. Mas, naquela mulher, tudo estava em perfeita harmonia, não sendo preciso acrescentar ou retirar qualquer detalhe. Aos olhos do poeta, ela era uma espécie de Deusa. E eu a conquistei. Éramos dois apaixonados inconfessos, mas sem o primeiro beijo, sem o beijo que nos uniria, afinal, o entrelace das línguas sela a união. Numa noite qualquer, sentamos na calçada da casa dela. Fiz uma investida e avancei para beija-la. Mão trêmula, coração à beira de um infarto, respiração quase ofegante. Minha boca estava a menos de cinco centímetros da boca mais bem desenhada, mais perfeita, mais desejável de que se teve notícias. Menos de um segundo separava nós dois de sermos apenas um, unidos pelo beijo apaixonado. Aquele segundo durou décadas, séculos, mas passou. Carinhosamente, a segurei por trás da cabeça, pelos cabelos, e a beijei. Fui aos céus e voltei.

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