quinta-feira, 8 de março de 2012

Apaixonada pelos estupradores

Mirante do Paranapanema, minha terra natal. Uma pacata cidade do interior paulista, pertinho da divisa com o Paraná. Sempre foi muito tranquila e receptiva. Moro em Mirante desde que nasci, ou seja, há 19 anos. Sou um mirantense nato e hereditário.

Fundada em 1953, no ano de 2010 comemorou 57 anos. Participei das comemorações. Pela cidade toda espalharam faixas com os dizeres do tipo “Parabéns pelo seu progresso”. Parabéns pelo seu progresso, vá lá. A história de Mirante começa por volta de 1918, com a chegada de Labieno da Costa Machado. Sua figura ficou conhecida no popular mirantense como sendo aquele que matava caso você não vendesse suas terras para ele. Mito ou não, não sei ao certo. Mas foi Labieno que deu início a Mirante. Engraçado, a cidade começou a ser formada onde, hoje, é um distrito. O distrito de Costa Machado. (Percebe-se que Labieno foi bem influente). A futura cidade foi crescendo no próprio distrito. Mas, por volta de 1946, os irmãos Okubos decidem lotear muitos alqueires de terra que haviam adquirido. Nascia, assim, a cidade de Mirante do Paranapanema (hoje há o busto de um dos irmãos Okubos na Praça da Igreja, como é conhecida por aqui).

Algo que sempre gostei, é de ouvir as histórias dos velhos que estão aqui há muito, muito tempo. Os relatos são sempre os mesmos: Mirante crescia assustadoramente no início de sua história. Aos domingo, como a movimentação de pessoas era muito grande, diziam que a cidade virava um formigueiro. Alguns dizem, ainda, que mal dava para andar de automóvel pela Rua Alberto Shiguero Tanabe, tamanho era o movimento de pessoas e animais. Realmente, tinha tudo para crescer e se tornar, como enuncia a todo pulmão em seu hino, uma Nova Capital. Era conhecida como a Capital do Pontal (algumas administrações, como forma de piada para alegrar o dia dos mirantenses, ainda conservam esse título nos carros oficiais). Foi uma das primeiras cidades da região a instalar Comarca. A extensão territorial é uma das maiores do estado. Possui dois distritos. O progresso era evidente, ululante.

Os japoneses que para cá vieram se assustaram com tamanho progresso, com tanta terra para trabalhar! A Terra Mirantense é um dos trunfos da cidade. Mirante é um município rico em terras. No início de sua história produzia algodão como ninguém. A produção era tão grande que a cidade era chamada de Ouro Branco, e, como também está gravado no hino municipal, Rainha do Algodão. Quanta terra para trabalhar, meu Deus! Qualquer um podia crescer trabalhando nessa terra.

Mas a vida não é justa e seu maior trunfo deu vida à sua maior desgraça. Não a única, mas a maior. Todavia, voltemos às Terras Mirantenses. Qualquer trunfo gera inveja, cobiça. As Terras Mirantenses atraíram trabalhadores que estavam interessados em mudar de vida através do suor do próprio corpo. Mas atraiu, também, vagabundos que se aproveitam do trabalho alheio. Não me lembro da data exata, ou o ano aproximado, mas os Sem Terras para cá vieram. Começa o declínio do Império da Rainha do Algodão, da Riqueza da Nação, como diz o hino municipal.

Os mais velhos, sim, os mais velhos e mais sábios me garantem que os Sem-Terras não vieram sozinhos, trouxeram muito mais: Vadiagem, aumento de crimes e o declínio mirantense. Invadiram terras de trabalhadores, mataram o gado alheio, assaltaram caminhões, fizeram baderna. Transgressores da lei: não há definição melhor para o MST. Ao mesmo tempo em que o MST descobria o Pontal do Paranapanema, Mirante do Paranapanema deixava de crescer. Sua economia era baseada no campo. E, com a terra sendo estuprada por desocupados, a economia mirantense caiu. Caiu muito. Caiu tanto que até hoje não a vejo reerguer-se. (Com a instalação da Usina Conquista do Pontal, a coisa melhorou, mas não trouxe de volta à minha cidade a economia que espantava os japoneses. Mas agradeço por ter empregado centenas de desocupados).

Quando nasci, o MST já estava bem instalado e acomodado por essas bandas. Não tinham as regalias que possuem hoje, mas já estavam mamando na saborosa Teta Estatal. Com o governo Lula, o MST realmente se fortaleceu: Agora poderiam fazer financiamentos e não pagar nada, nada mesmo. Afirmo e trago testemunhas: Em certa ocasião, fui ao banco pagar algumas contas. Atrás de mim estavam três senhores, cada um sem, no mínimo, quatro dentes. A fila não anda e, súbito, me pego ouvindo a conversa dos senhores Sem-Terra e Sem-Dentes. Estavam felizes da vida, e não era para menos. Um deles dizia que o Lula afirmava que os Sem-Terra teriam até o fim de 2010 para quitar suas dívidas (acho estranho, afinal, Sem-Terra pagar os financiamentos?). Porém, se não pagassem, a dívida estaria perdoada. Minha vontade era de virar-me e dizer aos senhores Sem-Dentes: “Tomem vergonha nessas caras, vadios!”.

Sim. Mirante do Paranapanema foi estuprada pelo MST, pelo PT e por Lula. Um estupro triplo.

Concluo a parte histórica para contar-lhes um episódio ocorrido no dia 04 de dezembro. Estava eu na confraternização do fórum, quando nota-se que acabou o carvão e a carne. Fui o encarregado de buscar mais. Pego o carro da Sulamita e vou com o André Barreto até o açougue (que estava a três quilômetros, mais ou menos). Antes de chegar ao açougue, passo pela Praça da Igreja (aquela com o busto do irmão Okubo), e vejo algo incrível: Numa lanchonete está sentado um camarada vestindo uma camiseta com uma estrela enorme do PT e, como se não bastasse, um boné do MST. Vi ele dando um sorriso e lhe faltavam alguns dentes. Fui tomado pela ira. Dentro do carro eu dizia coisas que não podem ser escritas nesta crônica. Alguns metros adiante, vi um carro que exibia a cara de Dilma Rousseff. Só podia ser uma conspiração petista contra mim. O camarada da lanchonete, penso eu, queria dizer algo do tipo com a camiseta e o boné: “Moleque,  acabamos com sua cidade, estupramos ela, e vocês são gratos por isso.” Cheguei à conclusão que Mirante é apaixonada pelos seus estupradores.

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