terça-feira, 24 de agosto de 2010

Conversa de maconheiro

Vou relatar a vocês um episódio que aconteceu comigo neste fim-de-semana passado. Pra ser mais preciso, num sábado, dia 21/08/2.010. Para preservar a identidade dos envolvidos, estes serão chamados de Um, Outro e o maconheiro de Bob.

Eu moro numa cidadezinha pequena do interior de São Paulo, por isso, quase não há diversão. E o fim-de-semana em tela não foi diferente, até resolvermos visitar alguns amigos numa cidade vizinha. Tudo vai bem. Como a verba disponível para o passeio é curta, decidimos viajar de ônibus circular.

Eu e Um estamos sentados juntos enquanto conversávamos e bebíamos. Conversa vai, conversa vem, ouço que Outro e Bob conversam sobre algo não muito apropriado para o local: Legalização da maconha. Comecei a me agitar na poltrona e disse para Um: “Bob já está falando sobre maconha!”. Contudo, não quis me meter na conversa... Até ser chamado para participar (risos).

Não me recordo da ordem cronológica exata da conversa, mas aconteceu, mais ou menos, assim: Bob me diz que não há motivo para a maconha ser proibida, afinal, ela é apenas uma plantinha que nasce na terra. Aguentar essa argumentação até que não é difícil. Mas, a cada momento que Bob abria a boca, algo pior saia de lá. Digo a Bob que o fato da maconha ser natural não implica em legalização. Há coisas tão naturais quanto a maconha que, assim como esta, devem continuar proibidas; a morte é tão natural quanto e, nem por isso, o homicídio deve ser legal. Porém, Bob não se convence e, com a certeza de que terminaria a conversa, diz que, caso houvesse um mercado controlado pelo governo, não haveria problema de se comercializar a droga, pois haveria proibições para determinadas faixas etárias. Vejo que Bob é mais um brasileiro iludido, que acredita na eficiência estatal de controlar algo.

A conversa fica mais dinâmica e minha veia do pescoço começa a saltar. Não é possível que a maconha deixe alguém idiota ao ponto de acreditar em tantas falácias. E vejo que Bob é um alienado à maconha e seus argumentos dúbios. Bob insiste que não há mal algum em fumar um cigarrinho do capeta. Estranho. Pois me lembro de Bob dizendo que, em certa ocasião, perdeu muito peso por não conseguir alimentar-se. Só conseguia comer se fumasse maconha. Fico imaginando um lugar em que as pessoas vão ao restaurante e dizem ao garçom: “Um P.F, por favor. Mas, primeiro, um cigarro de maconha pra eu conseguir comer.”. Este lugar não seria ideal para criar os filhos.

Bob conseguia me deixar irritado quando dizia que eu não tinha conhecimento sobre o assunto. Não que eu seja uma enciclopédia da maconha, mas tenho algumas informações sobre ela e seu comércio. Era como se, para entender do assunto, fosse necessário ser partidário à legalização da maconha ou ser um drogado. Ridículo. Bob ainda me diz, com uma soberba inacreditável, que eu “estou indo pelas ideias de palestras de escola...”. Bob acredita piamente que, ao ir contra o que é ensinado pela escola, está no rumo certo. Pobre Bob. (As escolas brasileiras são centros de produção de criminoso, sim. Porém, as palestras sobre drogas ainda não ensinam a bolar um baseado ou a "dar um tirinho").

Confesso não ser um ótimo economista, as leis do mercado me intrigam e dão um nó em meu cérebro. Mas Bob demonstrou-se mais perdido que eu. Pobre Bob. Voltou a falar em criar um mercado legalizado da maconha. Contudo, Bob não sabe, ou sabe e não dá a mínima, que instituir empresas que comercializem a maconha é entregar o monopólio do comércio às FARC. Só quem gostaria disso seria o PT e os maconheiros, estes comprariam maconha na esquina e aqueles pulariam de alegria ao verem seus companheiros em ascensão econômica. As FARC, uma narcoguerrilha, já domina o comércio de drogas no sul da América, isso de maneira ilegal. Dar cunho legal ao comércio da maconha é fortalecer as FARC, Bob! Ela terá o total controle do mercado. Quem tentar abrir uma barraquinha maconha na esquina de casa será morto ou sequestrado por dez anos, sofrendo abusos inimagináveis. O raciocínio é simples: Se as FARC já possuem o monopólio da comercialização de drogas, inclusive a maconha, tornar lícito o comércio do cigarrinho do capeta é tornar lícito o monopólio das FARC.

Depois de algum tempo de conversa, acredito que Bob, nem que por um momento, percebeu a gravidade que é legalizar uma droga. Eu perguntava a Bob o motivo dele querer colocar aquele mal em cada casa de família. Só quem já viu de perto os efeitos que as drogas causam, sabe como é doloroso alguém defender uma ideia que transformará o Brasil num país de maconheiros chapados. E mais tarde em usuários de cocaína. Mais tarde, numa festa rave, em usuários de LSD. E, finalmente e almas perdidas que fumam crack.

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Bob ainda queria insistir na legalização da maconha baseando no seu poder de cura. Ainda afirmava que era um absurdo não poder fazer pesquisas com a erva. Mas Bob desconhece que a USP realiza pesquisa com maconha (suponho que os alunos de Ciências Sociais testam os produtos). Bob não sabia, também, que o produto final do remédio baseado na maconha não será maconha, será uma “desmaconha”. Se Bob quiser fumar um comprimido, tudo bem. O que não posso tolerar é o que acontece nos países onde a maconha é legalizada: Jovens vão ao consultório médico e dizem que estão com dor de cabeça, e a receita do médico é um cigarro de maconha. Que absurdo! Isto é viciar a população. A maconha, em formato de cigarrinho do capeta não cura nenhuma doença; ela cria uma: O vício na droga.

Outra: Não posso afirmar com certeza, mas vamos tomar por verdadeiro o poder de cura da maconha. Vamos tomar por verdadeiro que ela possa, depois de amassada, depois de extraído seu óleo, depois de ficar no laboratório e ter virado um comprimido, ela possa curar alguma coisa. Sendo assim, vá lá, use-se este comprimido para curar o que possa ser curado. Porém, contudo, entretanto e todavia, isso não justifica tornar legal e moral acender um cigarro feito de maconha e fumá-lo. Tampouco justifica a regulamentação do comércio da droga.

Eu ainda disse a Bob que ele financiava o tráfico de drogas. Bob quase surtou e retrucou dizendo que os militantes da causa lutam contra o tráfico. Gozado: Como se pode lutar contra o tráfico de drogas, comprando drogas de traficantes? Bob foi hipócrita. É o mesmo que dizer ser vegetariano e comprar carne no açougue. Os traficantes matam pessoas com armas que são compradas com o dinheiro da venda de drogas, inclusive da maconha, Bob! Mas este me dizia que apenas queria ter o direito de poder plantar um pezinho de maconha no fundo de casa e fumar a erva que ali nascia. Se Bob pode fazer, os traficantes também podem! Então temos que retornar ao parágrafo que tratei das FARC. 

Bob nada respondia. A limitação argumentativa de Bob era gritante. Começou a repetir o início da conversa. Não queria entender. Não fazia esforço para, ao menos, tentar compreender o que eu dizia. Dizem que a maconha abre a mente, mas pude constatar que ela faz o contrário. Foi quando conclui que a melhor saída para o maconheiro pseudo-intelectual é a tangente.

Bob, não fique bravo comigo. O alvo não foi você, e, sim, suas ideias.

9 comentários:

  1. É a contradição em pessoa!

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  2. Bob gosta da coisa!O pensamento dele vai ser esse mesmo..fatalidade;
    porém pouco sei sobre o assunto para argumentar aqui mas ótimo ponto de vista Ma!
    Me orgulho de você hsuashausa

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  3. Fala nobre!

    Parabéns pelo Blog (não se compara ao meu, é claro, mas enfim...)!

    Fico me perguntando se algum dia você se contentará em escrever algo que não envolva uma polêmica daquelas!? Será possível!? (rrsrsrsrs).

    Bom, quanto ao assunto acredito que Bob já perdeu parte dos neurônios e os restantes já se encontram em estado de decomposição! (Desculpa Bob, nem te conheço, mas sabe como é...)

    Sou totalmente contra à legalização e, sem querer parecer um discurso hipócrita e "demodê", sou contra a droga em geral, seja em estado líquido, sólido sintético e etc.

    Já testemunhei famílias destruídas por causa da droga; sonhos morrerem (literalmente) por conta da dependência que faz esquecer o amor por si mesmo e o respeito aos queridos...enfim, só existem malefícios.

    Como você disse: "-Pobre Bob". (acho que viraria até uma música)

    Amplexos!

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  4. Há esse momento Bob deve estar preso ou morto, não estando certamente ocorrerá um dos dois, esse é o seu destino, permanecendo com este pensamento.

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  5. Legalização da maconha, muitos vão me achar hipócrita, mas concordo com bob. Eu não consumo nenhum tipo de droga e nem muito menos um cigarrinho do capeta para aceitar a nobre idéia de bob.

    Em alguns países, a maconha para uso medicinal já é legalizada, temos como exemplo as terras Californianas desde 96.

    Imaginem uma pessoa entrar numa loja, pagar e levar para casa uma porção de maconha (com receita médica é claro). Sei que a eficiência Estatal não será eficaz em controlar algo, mas o Estado vai arrecadar bilhões em impostos para financiar a educação, a saúde, além de dar um golpe no tráfico.

    Proponho que a política mundial de drogas seja revista. Começando pela maconha. Fumada em cigarros, conhecidos como “baseados”, ou inalada com cachimbos ou narguilés, a maconha nada mais é que um entorpecente produzido a partir das plantas da espécie Cannabis sativa, cuja substância psicoativa – aquela que, na gíria, “dá barato” – se chama cientificamente tetraidrocanabinol, ou THC. Pra mim, qualquer pessoa poderia ter uma pequena plantação em casa e portar menos de 30 gramas de maconha.

    Outras drogas, como o tabaco e o álcool, matam bem mais que a maconha, mas são lícitas. Seus fabricantes pagam impostos altíssimos.

    Com a legalização - Menos pessoas morreriam no combate ao tráfico; Poderia haver redução da criminalidade, pois muitos crimes são cometidos para financiar o tráfico; Centenas de bilhões gastos todo ano por governos do mundo todo com a repressão às drogas poderiam ser investidos em outras áreas; Poderia haver maior controle de qualidade das drogas, o que reduziria o número de mortes; Haveria menos presos apenas por uso de drogas e, portanto, haveria mais espaço nas cadeias para criminosos perigosos.

    Posso ser mais um pobre, notável análogo a Bob defendendo a descriminalização do uso pessoal da maconha em todos os países? Talvez.

    Apenas idéias :D

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  6. Concordo com você notável "anônimo". A Lei Nº 11.343/06, Continua prevendo o crime para o usuário, mas, em contrapartida, não é mais punido com a pena de restrição de liberdade. Ou seja, o sujeito que for detido com uma pequena quantidade, que seja, um cigarro de maconha ou papel de cocaína, sendo considerado como usuário, não será mais preso como na Lei anterior, e esse terá apenas uma pena restritiva de direito. Onde sofrerá uma advertência sobre os efeitos maléficos das drogas, ou, prestação de serviços comunitários, ou ainda, ao comparecimento a programas educativos.

    A questão é: e se o usuário, se recusar a pena restritiva? Será preso? - Não! de forma alguma!

    Na recusa injustificada a uma dessas penas, leva o juiz a aplicar duas sanções, onde a primeira,refere-se a admoestação verbal, e se essa não adiantar, uma segunda sanção será aplicada: multa.

    Mas se mesmo assim, o sujeito se recusar a pagar a multa, essa será convertida em dívida de valor. E nada acontecerá com o usuário de drogas. Sim, isso mesmo, nada acontecerá com o usuário de drogas!

    Você deve estar perguntando aonde eu quero chegar?

    E lhe respondo, com a seguinte pergunta: Qual é a diferença entre, a conseqüência do porte de drogas para o uso pessoal que não foi legalizado, e a conseqüência que existiria se o Legislador tivesse legalizado e transformado em uma infração administrativa?

    Pensa...

    Diferença alguma. Portanto, a droga, seja ela estando legalizada ou não, hoje em dia, na sua conseqüência, não teria diferença alguma, para o usuário!

    Apenas ideias :D ²

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  7. Antes de começar a conversar sobre legalização de drogas e golpe aos traficantes de drogas, vamos analisar: Caso as drogas ilícitas sejam legalizadas e seu comércio regulamentado, quem terá, de imediato, todo o controle do mercado?
    Resposta: Os traficantes de drogas que já dominam o mercado da droga.
    O que se busca e se defende -- mesmo que inconscientemente -- é a legitimação do comércio dos traficantes.

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  8. Escritor? o_O
    Fala muita merda!

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  9. kkkk, Marco Aurélio meu amigo, li seu seu texto até o fim, rindo muito aqui, nota se claramente pelo seu texto que qualquer pessoa tem direito a um espaço na web, há muito tempo não lia algo tão idiota. Infelizmente seu poder de interpretação é limitado, acho que nem estudando você vai ser capaz de aprender mais sobre o assunto. Bob esta com os pensamentos no caminho certo.

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